Dossiê da Ancop faz balanço final da Copa apresentando violações de direitos

Copa pra quem?
Teaser Image Caption
Copa pra quem?

A edição 2014 do Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Brasil foi lançada no dia 7 de novembro. Produzido pela Ancop (Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa), o dossiê apresenta as denúncias de violações de direitos nas 12 cidades-sede do mundial de futebol, registradas pelos Comitês Populares locais.

O legado dos jogos ultrapassa as fronteiras do esporte, como nos mostram os casos apresentados pelo Dossiê de injustiças sociais, ambientais e gastos públicos abusivos em detrimento de faturamentos privados milionários que contribuem para a acentuação das desigualdades no país. Segundo o documento, 99,6% dos investimentos para a Copa vieram dos cofres públicos, mas os brasileiros se beneficaram pouco com isso. Das 57 obras de mobilidade urbana previstas inicialmente e que ajudariam a melhorar o grave problema de congestionamento e de transposte precário em algumas cidades, 21 foram retiradas da matriz, ou seja, não foram executadas. A FIFA, por sua vez, lucrou cerca de cinco bilhões de dólares, segundo o dossiê.

Também são relatadas as conquistas obtidas com os movimentos críticos ao megaevento. Em Fortaleza, por exemplo, a resistência de moradores da comunidade Lauro Vieira Chaves fez com que o traçado do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que antes passaria entre as casas, fosse transferido para uma área próxima, sem grandes impactos para a comunidade. Na comunidade do Mucuripe, por sua vez, estabeleceu-se, inicialmente, a remoção de moradias localizadas de 14 a 20 metros a partir da linha do trem, mas a pressão popular local conseguiu reduzir essa faixa de remoção para 7 metros.

Segundo o Dossiê, a lista de violações é grande, abrangendo áreas como meio ambiente; moradia; participação e representação populares; leis trabalhistas; acessos à informação, serviços e bens públicos; mobilidade; e segurança pública. O documento inclui relatos, análises, e dados levantados nas cidades-sede sobre os desdobramentos da Copa e Olimpíadas 2016, mostrando que esses megaeventos também podem exercer um impacto negativo na vida cotidiana das pessoas, nas comunidades e suas representações.

De acordo com os próprios realizadores, a importância dessa publicação, além de denunciar os abusos cometidos, também reside no fato de reivindicar a legitimidade de cada cidadão de lutar pelos seus direitos, fortalecendo o princípio de democracia participativa.

O Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Brasil 2014 está disponível em pdf aqui.

Baixe também o Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Rio de Janeiro.

A Fundação Heinrich Böll Brasil produziu um webdossiê com reportagens, vídeos, e análises de especialistas com perspectiva crítica sobre a Copa do Mundo. Confira!